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Depoimento de Cláudia Cruz é ‘hecatombe na defesa de Cunha’, diz relator

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BRASÍLIA – O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo de cassação do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o depoimento dado pela mulher de Cunha, Cláudia Cruz, à força-tarefa da Lava-Jato desmonta a tese da defesa e confirma as conclusões que apresentou em seu relatório: que ele era o garantidor da conta e era quem abastecia com recursos. O relator lembra que perguntou a Cunha, no depoimento ao conselho, quem pagava a conta dos cartões de crédito, e o presidente afastado disse que era sua mulher.

— Eu sabia que a fonte era uma das contas dele e agora ela confirma que quem pagava as contas era ele mesmo. O dinheiro que abastecia essa conta, a Kopek, saía da conta Netherton, uma conta que ele chama de trust. Esse depoimento escancara o que eu coloquei no parecer, o que constatei nos documentos. Como é que é trust, que não é dele, mas pagava a conta dele e dela? — diz Marcos Rogério, acrescentando:

— O depoimento dela desmonta a tese da defesa, de que ele não pagava conta, de que a fonte era ela e de que ele não tem conta. Foi uma hecatombe na defesa dele — afirmou.

Cláudia Cruz prestou depoimento em 28 de abril deste ano, em Curitiba (PR), à força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava-Jato. Segundo o termo de declarações, ela disse que “não tinha conhecimento do saldo da conta” e não a declarou às autoridades brasileiras “porque quem era o responsável por isso era Eduardo Cunha”. Ela alegou ainda que “perguntava a Eduardo Cunha se poderia fazer aquisições de luxo e ele autorizava”. Cláudia disse ainda que “nunca se interessou em perguntar a Eduardo Cunha de onde era a origem do dinheiro utilizado no exterior”.

Para o relator, pode ser uma estratégia da defesa de Cláudia Cruz para sair do centro da investigação, mas é a verdade:

— Todo mundo sabe que quem abriu foi ele, ele é o garantidor da conta, ela não tem fonte. Ela fez um depoimento para se separar dessa coisa, sair do centro da investigação, mas joga para cima dele. É prova material, não tem saída.

Outros integrantes do Conselho de Ética também avaliam que o depoimento de Cláudia Cruz reforça o que Marcos Rogério trouxe em seu relatório e voto ontem.

— A própria mulher dele e a filha dizem que era ele que abastecia a conta. Elas estão dizendo que era ele o responsável pela conta, quem abastecia a conta — disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que é a favor da cassação de Cunha

O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que votou contra dar andamento ao processo contra Cunha no conselho, afirmou que quer analisar melhor o depoimento delas para se posicionar. Para ele, á primeira vista, a impressão é de que o depoimento aconteceu para tentar escapar de uma possível prisão.

— Minha impressão é que a mulher dele, ao falar isso, tenta escapar de possível prisão. Mas não li o depoimento, tem que ver o contexto em que ela disse isso. Ainda não tenho definição sobre meu voto no conselho, não sei se esse depoimento irá prejudicar (Cunha). Vou ler atentamente o voto do relator e aguardar os votos que deverão ser apresentados pelos que pediram vista — disse Moraes.

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) minimiza a influência do depoimento de Cláudia Cruz na votação do Conselho de Ética:

— Isso está no processo? Não. Então, abram um outro processo. Eu não posso fazer qualquer ilação em cima do que não está no processo.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) diz que a “prova cabal” de que as movimentações nas contas de Cunha no exterior foram efetivas são confirmadas por pessoas ligadas a ele:

— É mais uma prova cabal de que as movimentações foram efetivas, testemunhadas por pessoas insuspeitas, vinculadas a ele.


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