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Cunha recebe cerca de 40 deputados após decisão do STF

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BRASÍLIA — Passava das 20h de quinta-feira quando cerca de quarenta deputados chegaram comboio à residência oficial da Câmara, em Brasília, onde está encastelado o presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Horas após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastá-lo do mandato, e com a frente da casa já liberada pelos jornalistas, ele recebeu o grupo de aliados para conversar sobre os últimos acontecimentos.

Segundo relatos de presentes, os parlamentares criticaram a decisão do STF e comentaram detalhes dos votos de cada ministro. Falou-se, sobretudo, da necessidade de apoiar o presidente interino da Casa, deputado Waldir Maranhão (PP-MA). A ideia seria “preparar o terreno” para ajudar na governabilidade do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), que poderá assumir a Presidência já na próxima semana, caso o Senado decida pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff.

Eles aconselharam Cunha a ligar para Maranhão para “manter o diálogo aberto”, afinal, dizem, o presidente afastado vai sofrer um isolamento natural agora que está com suas funções suspensas.

— Até se propôs ontem à noite de Cunha falar com o Waldir Maranhão, a gente acha que Cunha deve conversar com ele, manter o diálogo aberto, até porque, afastado do mandato, ele vai ter um isolamento natural, e se não mantiver o diálogo está lascado – contou um dos deputados.

O deputado Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo de impeachment de Dilma na Câmara, defendeu apoio ao presidente interino para ajudar na transição de Temer.

— Foi uma ida para dar um abraço. Falamos a ele (Cunha) que temos que dar apoio ao Waldir para ver como ele trabalha. Todo mundo está com esse pensamento, existe um regimento que tem que ser cumprido. Maranhão é o vice, constituído pela maioria dos deputados, inclusive. Temos que apoiá-lo, ajudá-lo até para, nessa transição de governo, dar tranquilidade para o Michel. Vamos buscar uma paz interna, chega de confusão — afirmou.

O entendimento de grande parte dos aliados do presidente afastado é de que, como Cunha não renunciou e continua a dizer que não o fará, não há vacância do cargo, portanto não há previsão no regimento da Câmara para a realização de novas eleições para a presidência. Eles defendem, ao contrário do que diz parte da oposição, que Maranhão continue à frente da Casa. Os deputados admitem, porém, estarem apreensivos com a possibilidade de o parlamentar “não dar conta do recado”.

— O que está claro para todos é que não houve vacância do cargo. O futuro que se tem agora é se o Waldir Maranhão vai ter condições de tocar o barco – disse um deputado.

Um dos que estiveram com Cunha disseram que ele está “triste e silencioso”.

— Ele está bem triste e muito silencioso. Dá até pena, e não é pouca.

Outro aliado do peemedebista “leu” o humor de Eduardo Cunha na noite de ontem:

— Ele estava daquele jeito, sempre melhor do que alguém poderia estar, ele sempre aparenta estar melhor do que uma pessoa estaria numa circunstância dessa. Estava bem melhor do que eu imaginava.

Eduardo Cunha continuou a receber aliados nesta sexta-feira. Passaram pela residência oficial o deputado André Moura e Rogério Rosso (PSD-DF), presidente da Comissão do Impeachment na Câmara. Rosso almoçou com Cunha e conversou por cerca de duas horas com ele. No cardápio, apenas uma salada e conversas sobre os rumos das comissões, formadas pela Câmara no início desta semana.


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