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Cunha confirma que votação do impeachment começará pelo Sul

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BRASÍLIA – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), confirmou, em decisão lida nesta quarta-feira no plenário da Câmara, que fará a chamada no nominal dos deputados na votação da admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff começando pelos estados do Sul e deixando por último os estados no Nordeste e do Norte, onde a presidente tem maior apoio. A ordem de votação havia sido divulgado pela coluna Panorama Político do site do GLOBO no dia 6.

Para os governistas, a estratégia tem por objetivo iniciar os votos inflando o placar e constranger deputados a mudarem de posicionamento. O primeiro secretário, deputado Beto Mansur (PRB-SP), leu a decisão em plenário, e várias questões de ordem foram apresentadas por deputados do PT e do PCdoB para tentar reverter a decisão.

O deputado Rubens Júnior (PCdoB-MA) foi um dos que questionou a decisão. Para ele, Cunha não poderia ter considerado a chamada da eleição de Severino, onde o voto é secreto e, sim, a última votação de um projeto, realizada em 2001. Essa votação foi citada por Cunha na decisão, mas o presidente acrescentou que a última vez que a Casa fez a chamada nominal por lista foi em 2005, na eleição do presidente Severino Cavalcanti, e que a ordem foi do Norte para o Sul.

Citando o artigo do regimento que fala em alternância das votações, Cunha afirma que não pode, “casuisticamente” ignorar o regimento e que a chamada nominal, estado a estado, “legitima o processo porque os eleitores podem acompanhar o voto dos seus representados com precisão”. O presidente chega a dizer que para ele a alternância seria chamar estados de cada região de forma alternada, mas o entendimento que sempre predominou na Câmara foi a alternância entre votações e não em uma mesma votação. Por isso, para evitar “casuísmo e surpresas” adotará o mesmo método que vem sendo usado há anos na Casa.

Além de questionar a decisão, alguns deputados acusaram Cunha de “dar um golpe” a cada dia. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) apoiou a decisão de Cunha e criticou as questões de ordem apresentadas, entre elas a da deputada Maria do Rosário (PT-RS). A deputada fez a questão de ordem e depois disse que gostaria de recorrer da decisão. Arnaldo, então, provocou:

— Não teve a decisão da questão de ordem ainda, vossa excelência não pode recorrer!

Beto Mansur concordou com Arnaldo, disse que não cabia recurso e a deputada petista irritou-se

— Senhor presidente, o senhor pode me dizer porque não cabe recurso nos termos do regimento?

— Acolho todas as questões de ordem, mas elas não estão respondidas, não cabe recurso — respondeu Mansur.

— Eu já prevejo sua decisão, senhor presidente, por isso recorro — reagiu a petista, provocando reações de deputados da oposição no plenário.


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