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Coordenador da Lava-Jato defende Janot contra pressões políticas

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BRASÍLIA- Numa palestra no seminário sobre grandes casos criminais Experiência Italiana e Perspectivas no Brasil, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, fez uma enfática defesa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Dallagnol disse que Janot é a referência número do Ministério Público na Lava-Jato e sabe o peso das pressões que ele vem enfrentando. Afirmou ainda que, não importa a origem das pressões, ele ao lado do procurador-geral na luta contra a corrupção.

— Só tem um lado certo nessa luta, o lado da honestidade, o lado da justiça. Nós sabemos dos desafios e das pressões que o senhor tem enfrentado — disse o procurador que, desde o início da Lava-Jato, se tornou uma das autoridades mais emblemática das investigações.

A plateia, que acompanha o seminário, aplaudiu longamente a declaração. Nas últimas semanas, cresceram as pressões de políticos atingidos pela Lava-Jato contra as investigações. Há duas semanas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegou a dizer que iria examinar pedido de impeachment do procurador-geral. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) foi flagrado em gravação numa articulação para estancar a “sangria” da Lava-Jato.

Janot e outros procuradores tem sido alvos de ataques de cunho político. As críticas variam de acordo com a preferência ou vinculação partidária dos políticos ou militantes políticos atingidos pelas investigações. Para Dallagnol, as acusações não tem o menor fundamento. Ele lembra que quem criou a força-tarefa no início da Lava-Jato foi Janot. Destacou ainda que o procurador deu carta branca para que ele e toda a equipe dele levasse adiante as investigações sem qualquer interferência.

— Mas eu gostaria de dar meu testemunho pessoal em relação a ele. Em mais de dois anos de Lava-Jato eu jamais recebi uma ligação do doutor Janot para perguntar sobre a Lava-Jato, quanto mais para pedir alguma coisa. Por vezes, as pessoas pensam ou cogitam que ele possa estar tentando manipular a investigações. Mas, se ele quisesse manipular as investigações, lá atrás, lá no começo ele não teria determinado a criação de um grupo de trabalho junto a mim — disse.

O procurador afirmou ainda que Janot não só criou a força-tarefa em Curitiba como também mantém firme apoio à Lava-Jato desde o início das investigações.

— Mais do que isso, ele não só criou, manteve e em todo momento, não importa quem a investigação estivesse atingindo, ele expandiu nossa força de trabalho, nos deu apoio incondicional — acrescentou.

No início da palestra, Dallagnol chegou a comparar Janot ao pássaro guia que serve de referência ao outros pássaros em longas revoadas. O procurador-geral seria a referência básica para atuação dos demais procuradores. Num intervalo do seminário, Dallagnol disse ao GLOBO que há muito tempo considerava necessário fazer declaração pública de apoio ao procurador-geral, mas só agora surgiu a oportunidade de falar abertamente sobre o assunto.


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