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Confira as justificativas de cada senador na votação do impeachment

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RIO — Desde às 10h, o Senado Federal está em sessão para votar a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, são 68 senadores inscritos para falar durante a audiência, que tem previsão de durar 20 horas. Cada um terá 15 minutos para discursar. Apesar de a votação ser ao final dos discursos, os senadores já deixam claras suas posições em suas falas. Depois da votação da Câmara dos Deputados, que chamou atenção por suas justificativas como “por Deus”, “pela família quadrangular” e até “pelos militares de 64”, saiba quais foram as justificativas dos senadores na histórica sessão desta quarta-feira.

ANA AMÉLIA (PP-RS)

A favor

Primeira inscrita, a senadora Ana Amélia começou seu discurso por volta das 11h20m, quando defendeu o relatório do senador Antonio Anastasia, e citou o Papa Francisco ao pedir “paz e harmonia” para o Brasil. Ela afirmou que hoje o senado é uma “tribunal político”, e disse que esse “não é um momento feliz”, mas que entende que a presidente cometeu crime de responsabilidade fiscal. Amélia criticou a condução da política econômica pelo governo Dilma e fechou sua fala declarando que vota “sim” pelo afastamento temporário da presidente.

— O que é não respeitar a lei orçamentária do país? A sociedade já pode responder: 11 milhões de desempregados. Isso é sentido a cada dia — afirmou.

JOSÉ MEDEIROS (PSD-MT)

A favor

Segundo orador, Meideiros afirmou que o discurso de golpe é o “novo episódio de irresponsabilidade institucional do governo” e, a seguir, anunciou seu voto a favor do afastamento de Dilma, dizendo que a teoria de golpe “não pára em pé”.

— De forma cabal, o relatório do senador Anastasia demonstrou o crime cometido pela presidente. Chegamos a essa conclusão não de um dia para o outro — afirmou.

ALOYSIO NUNES FERREIRA (PSDB-SP)

A favor

O senador Aloysio Nunes disse que está absolutamente tranquilo para votar pelo impeachment, por entender que Dilma cometeu crime de responsabilidade. Ele destacou que a lei que trata do impeachment é de 1950, e não criada especificamente para prejudicar Dilma. Para o parlamentar, a presidente atentou contra a responsabilidade fiscal.

— A responsabilidade fiscal é um valor do povo brasileiro. Ninguém mais acredita em Dilma, com as mesma teimosias, a mesma inépcia, a mesma irresponsabilidade — defendeu.

MARTA SUPLICY (PMDB-SP)

A favor

A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) foi a primeira parlamentar a fazer alguma evocação no momento de votar, lembrando dezenas de deputados quando da votação do impeachment no plenário da Câmara. Ela encerrou assim seu discurso:

— Por São Paulo e pelo Brasil, meu voto é sim! As pessoas querem sentir que existe um governo. O Brasil está num processo de reversão. É hora de virar essa página e iniciar uma repactuação em torno do Brasil — disse Marta.

ATAÍDES OLIVEIRA (PSDB-TO)

A favor

Quinto a discursar, o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi o primeiro a falar em Deus e no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também disse que apoiará o governo de Michel Temer, mas avisou que ele não pode decepcionar o país, e garantiu que não abrirá mão de fiscalizá-lo.

— Acredito em nosso povo, no nosso país, nas nossas instituições, neste Congresso Nacional. Eu acredito, porque Deus está no comando de tudo. Acredito, porque Deus está no comando de tudo — disse Ataídes ao terminar seu voto.

RONALDO CAIADO (DEM-GO)

A favor

O senador anunciou seu voto pela abertura do processo contra Dilma exibindo fotos do Palácio do Planalto ocupado por movimentos sociais e estradas ocupadas por sem-terra, além de gráficos com dados ruins da economia. O senador disse ainda que o ministro Teori Zavascki, ao negar a interrupção da votação, deu um “cala boca” no PT.

— A decisão do ministro Teori disse claramente à AGU (Advocacia-Geral da União): basta! Deixou claro que o processo está se dando dentro das normas legais — disse Caiado.

ZEZÉ PERRELA (PTB-MG)

A favor

Em seu discurso, o senador Zezé Perrella (PTB-MG) se adiantou e chamou de oposição o governo da presidente Dilma Rousseff. O discurso dele foi o mais breve até agora, tendo durado menos de 8 minutos.

— Estou certo que esta casa cumpre hoje, dolorosamente, mas com responsabilidade, o seu dever perante a nação brasileira. Tudo foi feito respeitando o direito da oposição de se defender. — afirmou Perrella.

LÚCIA VÂNIA (PSB-GO)

A favor

A senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) elogiou o parecer do relator Antônio Anastaia e criticou as razões alegadas pelo governo para suspender a tramitação do processo do impeachment.

— O governo alegou uma suposta nulidade, por causa da votação na Câmara, e levantou ainda a suspeição do senador (Anastasia). Soam como socos e chutes ao vento. A acusação do relator é pormenorizada. Voto pelo afastamento — disse Lúcia Vânia.

Renan negou outra questão de ordem, apresentada pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Ela pediu a suspeição do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da comissão do impeachment. Ele apresentou um voto favorável à continuidade do processo, que foi aprovado pela maioria dos integrantes da comissão. Segundo Vanessa, o relator não poderia ser tucano. Isso porque dois dos autores do pedido de impeachment – os advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal – teriam, de acordo com a senadora, alguma relação ou proximidade com o PSDB.

MAGNO MALTA (PR-ES)

A favor

Sem citar nominalmente a ditadura militar, o senador disse que sente falta da época de “se cantava o hino nacional nas escolas”. Malta repetiu discurso comum na votação do impeachment na Câmara e citou a família, dizendo que vai votar em nome da neta que ainda vai nascer, além de atacar o ex-presidente Lula, condenar o aborto, crtiticar cortes em programas sociais e defender a família tradicional e a redução da maioridade penal.

—O Brasil é hoje um corpo com diabetes, com uma perna cheia de gangrena, já há muito tempo pronta para ser amputada. E a lógica é esta: se amputarmos a perna, salvaremos o corpo — disse Magno Malta.

RICARDO FERRAÇO (PSDB-ES)

A favor

Ao justificar voto pelo prosseguimento do processo, Ferraço mencionou o uso de bancos públicos para financiar políticas públicas e edição de decretos orçamentários sem cobertura fiscal, feitos pela presidente Dilma Rousseff.

— É uma questão de ordem que foi superada e esgotada na comissão do impeachment. Não por uma vez. Mas por meia dúzia de vezes. Estão tentando fazer aqui o que se chama, no Direito, de chicana. O que se chama no futebol de catimba — afirmou Ferraço.

ROMÁRIO (PSB-RJ)

A favor

O senador se posicionou a favor do impeachment, mas disse que a solução para a crise não será feita de uma hora para a outra. Ele adiantou como atuará no próximo governo.

— O governo mascarou a real situação de suas contas públicas de todas as formas e pelo maior tempo possível. Não foi um ato isolado, circunstancial. Foram vários atos, numa delituosidade contínua. Tudo para lhe garantir a reeleição, a preservação do poder, a todo e qualquer custo — defendeu Ferraço.

TELMÁRIO MOTA (PDT-RJ)

Contra

Telmário Mota foi o primeiro voto a favor do governo na sessão, contra o impeachment de Dilma. Ele afirmou que o momento é histórico, mas vergonhoso e que está sendo retirado o voto de milhões de eleitores que fizeram a opção pela petista.

— A presidente Dilma não desviou dinheiro, não cometeu crime de responsabilidade — defendeu Telmário.

SÉRGIO PETECÃO (PSD-AC)

A favor

Sérgio Petecão defendeu o impeachment, mas disse que isso não será a solução para os problemas do país. Ele também mencionou a situação política no Acre, governado pelo PT. Segundo ele, o governo local, comandado por Tião Viana, persegue os adversários.

— Não estou aqui criando uma expectativa de que vamos resolver todos os problemas do Brasil. Todos sabemos que o impeachment é traumático e doloroso, ainda que seja um instrumento democrático e previsto na Constituição e nas leis do nosso país — disse Petecão.

DÁRIO BERGER (PMDB-SC)

A favor

O senador Dário Berger afirmou ser importante saber o que o povo quer, e acrescentou que o país precisa olhar para o futuro, com os “pés no chão”, além de afirmar que voltava seus sentimentos para “sentir o que o povo sente e o que eles querem de nós”.

— Atendendo minha consciência e a vontade da maioria, em respeito à sabedoria popular e à Constituição, voto sim — declarou Berger.

SIMONE TEBET (PMDB-MS)

A favor

A senadora Simone Tebet citou Deus em seu voto, favorável à abertura do processo, e fez uma oração. Ela afirmou que o país vive um de seus momentos mais difíceis, perigosos e sensíveis de sua história. Ela disse que o Brasil está parado e com a economia “patinando”.

— Não há golpe, e sim algo previsto na Constituição. O governo semeou o joio e não o trigo. E, quando não se planta, o que se colhe é um sonoro nada. Peço a Deus que nos ilumine, que ilumine o povo brasileiro — disse a senadora.

CRISTOVAM BUARQUE (PPS-DF)

A favor

O senador Cristovam Buarque destacou que vota agora a admissibilidade, ou seja, se o processo deve ser instaurado ou não. Segundo Cristovam, não dá para ignorar todos os indícios de hoje. Ele também criticou a má gestão na economia e o estelionato eleitoral — promessas feitas na campanha de 2014 que depois foram descumpridas. E afirmou que é preciso levar a ideia de impeachment também ao modelo político brasileiro, ou seja, é necessário mudá-lo.

— Falta muito ainda para votarmos o impeachment ou não, mas, quanto à admissibilidade, eu creio que o Brasil quer, o Brasil precisa — defendeu.

ANGELA PORTELA (PT-RR)

Contra

Décima sétima a falar, a senadora Angela Portela foi a segunda a se posicionar contra o impeachment. Segundo ela, as acusações contra a presidente Dilma Rousseff são frágeis, tendo como propósito subverter o resultado da última eleição.

— A acusação não se sustenta, porque não houve ampliação de gastos, mas apenas remanejamento de despesas. Estamos portanto diante de um pré-julgamento político, porque a decisão dos julgadores já está tomada desde antes ele começar. O verdadeiro juízo desse impeachment será a história. E estou certa de que a sentença não será favorável a esta casa — disse Angela Portela.

JOSÉ MARANHÃO (PMDB-PB)

A favor

O senador José Maranhão também anunciou seu voto a favor da abertura do processo de impeachment contra Dilma, e foi outro a usar o argumento de que a vitória numa eleição não significa um cheque em branco, que dá o direito ao governante de errar. Ao afirmar que votou em Dilma, defende que o impeachment não se trata de um golpe, e que a cassação do manto está prevista na Constituição.

— Por que teve 43 milhões de votos (Dilma) não pode ser cassada?! Quando um eleitor vota em alguém não está dando procuração em branco para se desviar de seus compromissos. Não autoriza ninguém, por mais que tenha sido expressiva sua votação, a sair de seus propósitos — disse José Maranhão.


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