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Condenado por corrupção e alvo de CPI, Cachoeira é velho conhecido da Justiça

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GOIÂNIA — A “Operação Saqueador”, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, não é a primeira a mirar o bicheiro Carlinhos Cachoeira. No dia 29 de fevereiro de 2012, Cachoeira foi preso na Operação Monte Carlo, junto com outras 34 pessoas suspeitas de envolvimento num esquema criminoso de exploração da jogatina mediante corrupção de forças policiais e de integrantes dos governos de Goiás e do Distrito Federal. A evolução das investigações demonstrou uma atuação que ia muito além da exploração ilegal de jogos de azar. O bicheiro atuava para a Delta Construções, conforme as investigações, em contratos com diferentes governos.

Cachoeira ficou nove meses preso por conta da Monte Carlo. Deixou o Presídio da Papuda em Brasília em novembro de 2012. No mês seguinte, a Justiça Federal em Goiás condenou o bicheiro a 39 anos, 8 meses e 10 dias de prisão por formação de quadrilha, corrupção ativa, violação de dados sigilosos, advocacia administrativa e peculato.

Ele voltou a ser preso preventivamente, mas desta vez a prisão durou apenas quatro dias. O bicheiro foi solto em 11 de dezembro de 2012 e estava em liberdade desde então. O empresário recorre da sentença na segunda instância da Justiça.

ESCÂNDALO POLÍTICO

A operação policial evoluiu para um robusto escândalo político em 2012, principalmente por conta da relação entre o bicheiro e o então líder central da oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Demóstenes colocou o mandato a serviço de Cachoeira e foi cassado pelo Senado.

O Congresso instalou a CPI do Cachoeira naquele ano. As relações do bicheiro se estendiam a 13 parlamentares, entre eles o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que relatou em abril o impeachment de Dilma na Câmara. Depois de oito meses de trabalho, a CPI do Cachoeira terminou sem sugerir o indiciamento de nenhum dos investigados.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), no entanto, passou a ser investigado num inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por conta da suposta proximidade ao bicheiro. A venda da casa onde Perillo morou entre 2007 e 2010, o mesmo imóvel onde Cachoeira foi preso em 2012, foi intermediada por pessoas próximas ao bicheiro.

Cachoeira também foi um dos protagonistas do primeiro escândalo de corrupção do primeiro governo Lula. Waldomiro Diniz, então subchefe de gabinete da Casa Civil comandada por José Dirceu, apareceu numa gravação cobrando propina do bicheiro quando era presidente da Loterj. O caso veio à tona em 2004 e precedeu o mensalão.


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