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Com comemoração, Lula chega a ato a favor do governo na Paulista

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SÃO PAULO – Ovacionado pelos manifestantes, o ex-presidente Lula chegou por volta das 19h à Avenida Paulista, palco de um ato em favor do governo Dilma. Depois de dúvidas, Lula decidiu, na quinta-feira à noite, participar do ato. Um grupo de manifestantes tentou invadir a sede da Fiesp. A Polícia Militar usou gás de pimenta para conter os manifestantes, que começam a ocupar cada vez mais a Avenida Paulista. Não há registro de pessoas detidas. Os manifestantes começaram a chegar à Paulista minutos depois de a Polícia Militar ter dispersado integrantes do movimento a favor do impeachment de Dilma, que desde quarta-feira ocupavam a Paulista. A Paulista está fechada nos dois sentidos. (CONFIRA EM TEMPO REAL)

A manifestação desta sexta-feira é considerada como decisiva pelo PT na batalha contra o impeachment. O partido tem a expectativa de reunir até 200 mil pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, para dar uma reposta ao protesto contra o governo, no último domingo.

— Vamos apostar todas fichas no ato — afirma Carlos Árabe, secretário de formação política do PT, que acrescentou ainda: — É decisivo.

Manifestantes carregam boneco de Judas com a foto do Moro no protesto da Avenida Paulista, em São Paulo. Eles não informaram se pretendem malhar o boneco durante o protesto. Em discurso, a presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, atacou o juiz Sérgio Moro, da Lava-Jato.

— O Moro precisa urgentemente ler a constituição. Um juiz federal não pode fazer o que ele fez — diz ela.

Uma pichação no asfalto da Avenida Paulista faz referência ao recente escândalo envolvendo o governo de Geraldo Alckmin. A palavra “merenda” lembra a investigação que está sendo feita pelo Ministério público sobre desvio de recursos na compra de suco de laranja para a merenda escolar no governo paulista e em prefeituras.

Um grupo de cerca de 15 pessoas tentou abrir uma faixa com a inscrição “impechment já” na frente da Fiesp. Os manifestantes pró-governo foram para cima deles e arrancaram a faixa. A PM teve que intervir e escoltou o grupo, que ainda tentou abrir a faixa na entrada do metrô. A entrada estação Trianon foi fechada.

Mais cedo, em frente ao prédio, um grupo de manifestantes protesta contra a PM e a imprensa. Gritam: “ão, ão, ão, cadê filé mignon”, em referência ao almoço grátis oferecido pela entidade ontem, durante manifestação com pessoas a favor do impeachment.

Os manifestantes também gritaram palavras de ordem contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).

Mulheres do MST e da Frente de Luta por Moradia (FLM) começaram a chegar por volta das 9h30min a se concentraram no vão do Masp. Há bandeiras da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Sindicato dos Professores (Apeoesp).

Ao contrário dos últimos dois dias, em que a Fiesp distribuiu até almoço para manifestantes contra o governo, o cenário em frente ao prédio da federação das indústrias é bem diferente nesta sexta, quando partidários do governo ocupam a Avenida Paulista. Enquanto manifestantes a favor do PT e da presidente Dilma Rousseff ocupam a região, o prédio da Fiesp foi cercado com grades e um cordão de isolamento formado por policiais militares evita a aproximação de manifestantes.

Um ciclista, vestido de preto, passou pela rua interditada gritando palavras de ordem contra o PT e foi xingado por manifestantes. Em um dos carros de som tocam jingles de Lula e do partido, além de músicas que remetem ao combate à ditadura, como “Pra dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, e “Cálice”, de Chico Buarque.

Há uma preocupação com possíveis confrontos, e os dirigentes petistas têm dado declarações para apaziguar os ânimos. Alguns dos manifestantes contra o governo que estavam na Paulista foram para a Avenida Nove de Julho, mas logo saíram. Prometeram voltar para a Paulista por volta das 21h, já que o ato a favor do governo deve acabar até as 20h. Policiais militares reforçam a segurança no local.

— Assim como não perturbamos no dia 13, esperamos que aconteça o mesmo — afirmou o presidente da legenda, Rui Falcão.

Outra preocupação dos organizadores é com a segurança do ex-presidente Lula. Falcão disse, porém, que a Secretaria de Segurança de São Paulo concordou em montar o mesmo esquema do do protesto contra o governo no domingo e impedir que grupos rivais se aproximem da Avenida Paulista.

— A maior segurança para ele (Lula) é a militância que vai estar lá. E nós não estamos contando com nenhuma provocação porque nos garantiram o mesmo esquema de segurança.

A dúvida é se o ex-presidente poderá usar a segurança de ministro, já que há contestações jurídicas à sua nomeação. De qualquer forma, Lula, por ser ex-presidente, é acompanhado diariamente por seguranças fornecidos pelo governo.

Diante do anúncio de que havia caído a liminar que impedia a nomeação de Lula como ministro, manifestantes que ocupam a Avenida Paulista abriram mão de um coro conhecido entre os partidários do PT: “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”.

O presidente do PT garante que se a polícia barrar os manifestantes contra o governo na Paulista não haverá confronto.

— Não vamos nos responsabilizar pelo que a gente fizer — completou Falcão.

Um carro de som está toda hora anunciando que ele falará no palco principal do evento, montado em frente ao Masp. Nesta sexta-feira, o ex-presidente deixou sua casa em São Bernardo do Campo por volta das 9h30min e se reuniu, a portas fechadas, com prefeitos do ABC em São Bernardo e com o presidente do PT, Rui Falcão.


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