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Bastidores da Lava-Jato: livro traz detalhes da maior operação do país

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RIO — A ordem do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), era inequívoca: soltar os 12 presos suspeitos, suspender e remeter os inquéritos para a Corte. A decisão, comunicada por fax em 19 de maio de 2014, a dois meses do início da operação, instalou um clima de velório na 13ª Vara Federal de Curitiba, do juiz Sergio Moro. Para os funcionários, era o fim da Lava-Jato, mas o magistrado não se deu por vencido. Isolou-se no gabinete, redigiu um cuidadoso pedido de esclarecimentos sobre o despacho de Teori e conseguiu convencê-lo a voltar atrás.

Os advogados dos acusados já comemoravam quando Teori acolheu as ponderações de Moro, mandou a operação seguir e manteve quase todas as prisões.

Detalhes cruciais da Lava- Jato, muitas vezes preteridos na acelerada cobertura diária da operação, não passaram despercebidos pelo jornalista Vladimir Netto, da TV Globo. Com “Lava Jato — O juiz Sergio Moro e os bastidores da operação que abalou o Brasil” (Sextante, selo Primeira Pessoa), que será lançado amanhã em Curitiba, Vladimir resgata o fio da meada. Escrito em linguagem que se aproxima dos thrillers policiais, o livro-reportagem, produzido em 17 meses, dá ao público a oportunidade de entender a gênese, os bastidores e os principais personagens da maior ação de combate à corrupção já realizada no país.

A sempre tensa relação entre Moro e Teori, relator dos casos da Lava-Jato envolvendo acusados com prerrogativa de função, é um dos pontos saborosos da leitura. O mesmo ministro que, agora, anula provas colhidas pelo juiz de Curitiba (as gravações entre a presidente afastada Dilma Rousseff e Lula no dia da posse do ex-presidente na Casa Civil) é o mesmo que acolheu em 2014 o ousado pedido de esclarecimento do juiz de primeiro grau e abriu caminho para a operação seguir.

Para a construção do perfil de Moro, Vladimir foi além do ambiente judicial. Vladimir o descreve como um líder seguro, mas tímido e constrangido com a notoriedade.

Do outro lado, estão o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, os delatores originais de toda a trama.

Mas o livro de Vladimir não é uma história de heróis e vilões. De suas 383, extrai-se história. Na busca de um relato fiel dos fatos, sem juízo de valor, Vladimir detalha a rotina na cadeia, cuja austeridade é capaz de soltar a língua dos presos mais resolutos, esmiúça as empreiteiras e seus dirigentes, que se julgaram acima da lei, e amarra os fios que se soltaram ao longo do caminho, permitindo uma compreensão global do caso.


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