Brasília Amapá |
Manaus

‘Aprontaram pra mim’, diz Delúbio sobre empréstimo de R$ 12 milhões

Compartilhe

SÃO PAULO – O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, negou nesta segunda-feira, durante audiência de processo da Operação Lava-Jato, ter pedido um empréstimo de R$ 12 milhões ao banco Schahin em nome do partido em 2004. O Ministério Público Federal (MPF) afirma que o PT repassou metade desse dinheiro para o empresário Ronan Maria Pinto e outra metade para financiar campanha de um aliado para a prefeitura de Campinas. Delúbio disse que foi vítima de uma armação neste caso.

O depoimento do ex-tesoureiro foi dado durante acareação com o pecuarista José Carlos Bumlai, que manteve a versão de que Delúbio esteve em uma reunião no Banco Schahin em que o empréstimo de R$ 12 milhões foi negociado. De acordo com os investigadores, coube a Bumlai simular o pagamento do empréstimo em nome do PT, mediante a venda fraudulenta de sêmen de boi. Para o MPF, o verdadeiro pagamento foi feito por meio de um contrato da Petrobras com a Schahin.

— Não me lembro dessa reunião. As coisas que faço eu assumo. No mensalão assumi todas as minhas responsabilidades. E nesse processo quero assumir a minha — afirmou Delúbio ao juiz Sérgio Moro. — Não mandei fazer empréstimo. Não sabia de R$ 12 milhões.

Delúbio afirmou, ainda, que estava vendo Ronan pessoalmente pela primeira vez naquela audiência e que, portanto, não podia pedir dinheiro em seu nome. Com relação à campanha de Campinas em 2004, ele disse que foi procurado pelos publicitários Armando Peralta Barbosa e Giovane Favieri que pediram apoio do partido no segundo turno ao então candidato Doutor Hélio (PDT) e que disse a eles que o PT não poderia doar dinheiro para a campanha. Ele reconheceu, porém, que ia à Schahin diversas vezes:

— Se alguém me pergunta: “partido precisa de dinheiro?” Todo partido precisa. Mas nunca pedi esse dinheiro para o sr. Salin (Schahin, dono do banco).

Questionado sobre a reunião, Bumlai afirmou se lembrar que, quando chegou ao encontro para discutir o empréstimo, Delúbio já estava no local:

— Lamentavelmente, ele esteve nessa reunião. Se ele não estivesse, o empréstimo seria de R$ 6 milhões, não de R$ 12 milhões. Ele estava na reunião, sim, senhor.

Como a divergência entre os dois depoimentos persistia, o juiz Moro perguntou se Delúbio tinha mais alguma coisa a acrescentar:

— Só lamento que aprontaram uma pra mim nessa — respondeu o ex-tesoureiro.

Condenado a seis anos e oito meses de prisão no escândalo do mensalão, Delúbio ficou preso por cerca de dois anos e pagou multa de R$ 466,8 mil. Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu indulto a ele, livrando-o da pena. Delúbio é acusado de indicar os valores e os beneficiários dos pagamentos que teriam sido feito em troca de apoio político ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa do ex-tesoureiro argumentou que ele gerava um caixa dois para campanhas eleitorais.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7