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Após três dias, estudantes deixam ocupação na Assembleia de SP

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SÃO PAULO — A uma hora do fim do prazo dado pela Justiça para deixarem a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), os estudantes decidiram sair do plenário, que ocuparam desde a tarde de terça-feira. O grupo prometia permanecer até a instauração de uma CPI para investigar a máfia da merenda. O clima durante a saída, no entanto, foi de comemoração, com bateria e cantos.

— Tomamos um duro golpe da Justiça. Não vamos aceitar que nossos pais paguem pela corrupção — disseram, em jogral, os manifestantes:

— O governo decidiu pela truculência econômica.

Na quinta-feira, a Justiça havia estipulado uma multa de R$ 30 mil por dia para cada jovem que se recusasse a deixar a ocupação. A reintegração de posse seria cumprida após uma audiência de conciliação.

Para os estudantes, houve vitória em pautar a Alesp. Eles prometeram seguir em luta pela abertura da CPI e contra os envolvidos no escândalo da merenda. Os estudantes saíram cantando e carregando flores brancas na mão.

— (As flores significam) Que a gente venceu, que a nossa luta é legítima e pacífica — afirmou uma estudante.

SETE ASSINATURAS PARA A CPI

Em coletiva, o presidente da Alesp Fernando Capez, um dos investigados no escândalo da Máfia da Merenda, afirmou que a Casa deu ‘uma aula de democracia’. Segundo Capez, ele continuará trabalhando pela instauração da CPI. O deputado também disse que aceitou o pedido dos estudantes por uma audiência pública, ainda sem data definida.

— Foi um sucesso a desocupação, não precisamos recorrer à violência, à força — disse.

De acordo com a Capez, o setor de inteligência da Alesp recebeu informações de que mais manifestações como a que ocupou o plenário da Assembleia devem acontecer, não apenas em São Paulo.

Em outra entrevista coletiva, deputados do PT e do PSOL que apoiaram os estudantes durante a ocupação afirmaram que o protesto foi uma lição de democracia para a Alesp. Eles prometeram obstruir as votações da Casa a partir da semana que vem.

— Vamos obstruir todas as votações enquanto a CPI não for instaurada — afirmou Carlos Giannazzi (PSOL).

Os deputados de oposição acreditam que a CPI deverá ser instaurada. No entanto, como já há outras cinco em andamento, número máximo permitido na Alesp, a CPI da Máfia da Merenda iria para uma lista de espera. Os oposicionistas esperam que Capez paute a abertura da sexta CPI no plenário, o que exigiria o voto favorável de 42 deputados.

— O presidente quer, o governador quer, mas até hoje não houve esforço — disse o líder da bancada do PT José Zico Prado.

Mais cedo, com a grande mobilização dos estudantes, os deputados da oposição anunciaram que faltavam apenas sete assinaturas para instaurar a CPI. Para alguns, bastava o grupo desocupar a Casa, já que o ato impossibilita o trabalho dos parlamentares.

— Faltam só sete assinaturas. É viável, mas o governo vem jogando com mão pesada. Aberta essa CPI, ela chega ao Palácio dos Bandeirantes — acusa o deputado Luiz Fernando Teixeira (PT), referindo-se à sede do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Acompanhando de perto a movimentação dos estudantes na Alesp desde a noite de terça-feira, a deputada Leci Brandão (PCdoB) diz não ver sentido na demora para a instalação da CPI.

— Acredito muito na força deles é os parabenizo pelo movimento. É uma coisa voluntária, de legitimidade, e eles querem que se respeite a democracia. Só querem que haja CPI. É simples assim. Gostaria muito que os deputados tivessem bom senso, mas até agora — lamentou a deputada.

Um parlamentar que preferiu não se identificar afirma que a Casa pensa em tirar a CPI da Eletrobras da pauta para dar lugar à da Merenda.

— Vai sair. Vamos conseguir essas assinaturas, mas está tudo parado aqui. Os alunos precisam desocupar — explicou ele, referindo-se aos estudantes que ocupam a Alesp.

(*Estagiário, sob a supervisão de Flávio Freire)


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