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Após polêmica de declarações de deputados, senadores explicam seus votos

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BRASÍLIA — Na Câmara, as justificativas apresentadas durante a votação do impeachment por boa parte dos deputados assustaram muita gente: pela família, pelos filhos, por Deus, em homenagem a um torturador da ditadura militar… Com a próxima etapa tramitando agora no Senado — a admissibilidade do processo será votada nesta quarta-feira —, um repórter do GLOBO, apresentando-se como eleitor, cidadão brasileiro, enviou, através de seu e-mail pessoal, mensagens aos 81 parlamentares que vão analisar o afastamento da presidente Dilma Rousseff, pedindo as posições deles e por que votariam daquela forma. O resultado não foi animador: retornaram apenas 12 respostas (15%). E, mesmo entre estas, apenas quatro citaram diretamente, sem rodeios, a questão do crime de responsabilidade, ponto-chave no processo, de um lado ou de outro.

As primeiras mensagens foram mandadas no dia 25 de abril, uma segunda-feira, para todos os e-mails dos senadores que constam no site do Legislativo. Uma nova leva foi enviada no dia 27 de abril, mas aí através dos sites mantidos pelos gabinetes dos parlamentares. Não foi possível contato através destes meios com três senadores: Benedito de Lira (PP-AL), Eduardo Braga (PMDB-AM) e Paulo Rocha (PT-PA).

Entre os que responderam, metade optou por textos em primeira pessoa, mensagens que teriam sido escritas pelos próprios parlamentares, o que, entretanto, não foi garantia de clareza. Fernando Collor (PTC-AL) agradeceu pelo “envio de sua manifestação a respeito do processo de impeachment da Presidente da República”. E encaminhou como resposta um vídeo de um discurso com nada menos do que 52 minutos. Anexou ainda um texto, assinado por cinco partidos, chamado “Brasil: diretrizes para um plano de reconstrução”.

Na mesma linha, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) também anexou um vídeo, onde dá sua resposta em primeira pessoa. Mas foi mais econômica: 16 minutos de gravação. Apesar de começar lembrando o Dia do Índio, o foco do discurso dela foi se voltando para o afastamento da presidente. “Fica cada vez mais claro que não será o impeachment que dará a saída da crise econômica e política”, diz Lídice, aos dez minutos do vídeo.

Quatro senadores responderam, mas não quiseram se alongar nos esclarecimentos. Um deles foi Dário Berger (PMDB-SC): “Por diversas vezes o Senador Dário já se manifestou a favor da admissibilidade e julgamento do processo de ‘impeachment’, posição que mantém firme. Continuamos ao inteiro dispor”, disse o seu gabinete. Cassio Cunha Lima (PSDB-PB) foi ainda mais econômico: “Em nome do Senador Cássio, agradecemos o contato e reafirmamos o compromisso dele em se empenhar na condição de oposição de forma firme, altiva e responsável”, no que parecia ser uma resposta padrão aos e-mails enviados.

Petista muda de assunto

Dos quatro que focaram na explicação do crime de responsabilidade, o destaque foi para Lúcia Vânia (PSB-GO), que encaminhou um discurso em que enumera seus motivos de forma bastante didática: “Nós vimos que toda orientação do Tribunal de Contas e todas as diretrizes da Lei de Responsabilidade Fiscal foram solenemente ignoradas durante o período de 2015”, afirmou a parlamentar, a favor do impeachment.

Entre os 12 que responderam, também houve quem escapasse pela tangente da pergunta “sim” ou “não” ao impeachment, como Paulo Paim (PT-RS), que já entrou em outra discussão: “Pesquisa do Ibope realizada recentemente indicou que 62% da população defende as eleições diretas; 25% quer a permanência da presidenta Dilma e somente 8% aceita Michel Temer.”


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