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Após negativa de Arminio Fraga, Temer cogita Henrique Meirelles para a Fazenda

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BRASÍLIA – Com a resistência de Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, em aceitar o Ministério da Fazenda em um eventual governo Temer, um nome que vem sendo fortemente cogitado é o do também ex-presidente do BC Henrique Meirelles. Ele é visto, assim como Arminio, como um nome que teria grande aceitação no exterior e ajudaria a recuperar a credibilidade do país para a retomada de investimentos, ponto considerado crucial no entorno de Temer. A expectativa é que Temer se encontre com Meirelles nos próximos dias.

— O que vemos como fundamental agora é ter nomes referendados por todo o mercado e que tenham projeção forte lá fora. Tanto o Arminio, quanto o Meirelles preenchem esses requisitos — afirma um auxiliar de Temer.

Está previsto ainda que, entre hoje e amanhã, Temer se encontre com o ex-ministro Delfim Netto. Aliados de Temer dizem que, a princípio, a ideia não é convidá-lo para comandar formalmente a economia, pois há uma avaliação de que sua saúde e idade não o permitiriam exercer tal função. Mas, Temer quer ouvir suas sugestões sobre a situação econômica e também sobre o melhor perfil para tirar o Brasil da crise.

Outros economistas com quem Temer deve se encontrar nos próximos dias são Murilo Portugal e Marcos Lisboa, para estudar quais são os caminhos consensuais apontados por eles como saídas para a crise econômica. O senador José Serra (PSDB-SP) também vem sendo consultado pelo vice-presidente, mas não é visto entre as primeiras opções para a Fazenda devido a resistências de setores do mercado e por conta do projeto político do PSDB.

— Pela relação pessoal, desde a década de 1960, Serra seria uma escolha pessoal do Michel. Já Marcos Lisboa é muito reconhecido no Brasil, mas não fora. Mas, pela afinidade, é um nome forte. O fato é que precisamos ouvir esses grandes economistas para saber qual solução ajudará a superar a crise — disse um aliado de Temer.

Em jantar na noite de segunda-feira, em São Paulo, com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do partido, e com Arminio Fraga, o vice-presidente ouviu do economista que pretende colaborar com sua eventual gestão e que a situação no Brasil é gravíssima, mas que não poderia estar de fato no governo devido ao seu trabalho na empresa de gestão de recursos que comanda, a Gávea Investimentos.

Na conversa, não houve convite formal por parte de Temer, que já sabia, por meio de sondagens de interlocutores, que Arminio, que esteve por trás da elaboração do programa econômico na campanha presidencial de Aécio Neves em 2014, não estava disposto a assumir o Ministério da Fazenda.

Há uma resistência no PSDB de que integrar formalmente um governo do PMDB possa significar a perda do discurso para uma candidatura tucana em 2018. Existe ainda a expectativa sobre o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do processo de cassação da chapa Dilma/Temer, que pode ocorrer ainda este ano.

Apesar de Arminio ter citado seu trabalho na Gávea Investimentos como fator que o impediria de retornar ao serviço público, caso fique constatado no núcleo de Temer que o nome do economista é o mais adequado para este momento, o vice pode insistir em uma proposta, com o argumento de que a saúde da empresa de Arminio se deteriorará se a economia no país piorar.

— Não chegou a ter convite, mas acreditamos que, se for realmente a melhor solução, Arminio não irá negar. Se chegar o momento, Temer perguntará: ‘você acha que sua empresa vai crescer se o Brasil estiver mal?’. Ele não vai ter como resolver os próprios problemas sem cuidar antes dos problemas do Brasil — diz um auxiliar de Temer.


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