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Após divulgação de gravações, aliados e até adversários defendem Renan

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BRASÍLIA – Em meio a um ambiente político extremamente polarizado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se tornou uma unanimidade: aliados e até mesmo adversários políticos avaliam que ele não deve ser tirado do cargo neste momento em razão das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

O senador Humberto Costa (PT-PE) fala em estabilidade política como justificativa para que a Casa não pressione pela queda do peemedebista, num momento em que Executivo e Câmara já estão com seus presidentes afastados, Dilma Rousseff e Eduardo Cunha, e o país funciona com certa precariedade institucional.

Segundo ele, não há, nas gravações divulgadas até o momento, nada que possa ser considerado obstrução da Justiça.

— São opiniões políticas que estão colocadas e que poderiam gerar insatisfação em a ou b. Renan tem um papel importante, é um fator de estabilização neste momento em que tem a Comissão do Impeachment funcionando — avaliou o senador.

Outro opositor, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), considerou que as conversas mantidas entre Renan e Machado podem não ser éticas, nem adequadas. Para ele não existe, no entanto, um motivo concreto que o inviabilize no comando do Senado.

— Ainda não há elementos para situação dele seja de ter que sair da presidência da Casa. Não vejo nas gravações qualquer menção de que agiu claramente para obstruir a Justiça, diferentemente dos casos do senador Romero Jucá e do ex-presidente José Sarney — afirmou.

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), aliado e amigo de Renan, diz que além de não existirem motivos concretos para o afastamento, o peemedebista defende nas conversas com Machado dois pontos que pregou publicamente:

— Renan era contra a recondução do Janot, fez campanha contra ele e contra a indicação de Edson Fachin para ministro do Supremo. Quando Fachin me procurou para pedir voto, perguntou se a posição do Renan o catapultava para fora da vaga — lembrou Eunício.

O senador lembrou ainda que Renan defende há tempos regulamentação da delação premiada, de forma que o delator não seja dono de uma verdade absoluta.

— Nessa posição Renan não está sozinho. Muitos como eu defendem um debate sobre a validade de delações, porque delatores podem criar uma fantasia e ninguém pode contraditá-los. Vira uma verdade — avaliou.

Para Eunício, o presidente do Senado focará na pauta de votações do governo Michel Temer com sua habitual tranquilidade.

O senador José Agripino Maia (DEM-RN), citado em uma parte da conversa entre Machado e Renan, disse não ter entendido até agora o motivo.

— São menções por encomenda, para colocar a oposição dentro e temperar as conversas. Falaram em me colocar numa roda. Que roda? Que marcariam uma reunião. Que reunião? — questionou Agripino.

Sobre a permanência de Renan no comando do Senado, o democrata disse que “por enquanto” não há elementos contundentes para que isso ocorra.


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