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Andrea Matarazzo se desfilia do PSDB e abandona prévia em SP

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SÃO PAULO – O pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo Andrea Matarazzo anunciou, nesta sexta-feira, sua desfiliação do partido e o abandono das prévias que estão marcadas para domingo.

Com um discurso bastante crítico em relação à postura adotada pelo governador Geraldo Alckmin nesse processo de escolha, Matarazzo responsabilizou o tucano pela saída dele da legenda. A pré-campanha de Matarazzo tinha como principais apoiadores o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra.

— Estou tomando uma decisão muito difícil, mas infelizmente a ala liderada pelo Geraldo Alckmin não me deixou alternativa. Não há lugar para mim num partido que coaduna com compra de votos —afirmou Matarazzo, que foi o vereador do PSDB mais votado na última eleição municipal.

Há mais de 20 anos no PSDB, ele acusou Alckmin de uso da máquina do estado em favor do seu oponente, o empresário João Doria, que tem o governador como seu maior cabo eleitoral nessa disputa interna. Novato no partido, Doria venceu o primeiro turno da prévia, no início deste mês.

Apesar da decisão de Matarazzo de abandonar a prévia, a votação marcada para o próximo domingo acontecerá normalmente. Doria precisa obter, no mínimo, 20% dos votos válidos para ser proclamado o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo. Cerca de 7 mil filiados compareceram na primeira votação.

A carta de desfiliação de Matarazzo foi entregue nesta manhã ao diretório municipal do PSDB em São Paulo. Matarazzo não disse se disputará a prefeitura de São Paulo por outro partido. Ele recebeu convite do PSD, do ex-prefeito e hoje ministro das Cidades, Gilberto Kassab. Apesar de ele ser um partido da base do governo Dilma Rousseff, o ex-tucano vê espaço para fazer oposição no PSD. Mas ele evitou adiantar qualquer passo a partir de agora.

— Cada dia a sua agonia.

“CAPITÃO DO MATO”

Matarazzo também fez duras críticas a Doria , a quem chamou de “capitão do mato” entre outros.

— Ele está tratando nossa militância como um senhor feudal, um capitão do mato. Ele descobriu agora a periferia e está se achando sei lá o que. Ele é uma piada pronta.

Um pedido de impugnação da pré-candidatura de Doria está em andamento no diretório municipal. Ele foi iniciativa do ex-governador Alberto Goldman, aliado de Matarazzo, e do presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, que acusam o empresário de compra de voto e abuso do poder econômico.

Doria reagiu às críticas do adversário:

— São críticas de um perdedor. Numa democracia, é preciso saber vencer e perder. Ele decretou a própria derrota — respondeu.

Os ataques a Alckmin, o empresário atribuiu à “frustração e mágoa” do vereador. Ele também disse ser improcedentes as denúncias que pesam contra ele no pedido de impugnação.

O governador ainda não se manifestou sobre a desfiliação de Matarazzo.

A gota-d’água para vereador pedir a saída do PSDB foi uma reunião na noite desta quinta-feira no diretório estadual da sigla em São Paulo. A direção partidária decidiu anular uma decisão tomada no dia anterior pelo diretório municipal e que atendia a um pedido do vereador: adiar as prévias para 30 de abril.

Matarazzo defendia que a eleição interna ocorresse somente após o partido julgar o pedido contra Doria. Ele acusou ontem o governador Alckmin de agir para que seus aliados aparecessem em peso no diretório estadual e revertessem o adiamento.

— Até quem está de pé quebrado e em licença do cargo no governo apareceu lá. Quando eu vi isso, pensei, não dá — disse o vereador.

O presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, lamentou a decisão do vereador. “O Diretório Estadual do PSDB-SP lamenta a saída do vereador Andrea Matarazzo dos quadros do partido. As prévias eleitorais são para nós mais um passo importante no processo de aprimoramento democrático, no qual todos nós temos de aprender a respeitar instituições, a disputar com dignidade e, especialmente, a ganhar e perder, risco inerente de quem entra numa disputa. O PSDB de São Paulo tem total confiança que, findo o processo, sua militância seguirá unida rumo às eleições de outubro”, disse o dirigente em nota.

DISPUTA CONTAMINADA PELA ELEIÇÃO DE 2018

Mais do que escolher o nome do PSDB para a eleição da capital paulista deste ano, a prévia tucana se transformou literalmente numa prévia da eleição de 2018 dentro do partido em São Paulo. Dois grupos — um liderado por Alckmin e outro por Serra e FH — têm medido forças. Em disputa está a vaga de candidato do PSDB à Presidência da República. Alckmin quer sair candidato. Serra nunca abandonou o sonho, apesar de duas derrotas nas urnas. Fora de São Paulo, o senador mineiro Aécio Neves é outro nome colocado.

Matarazzo é amigo de Serra e havia dito a Alckmin que, se o senador quisesse se candidatar em 2018, ele o apoiaria. Doria, pelo contrário, garantiu ao governador que será aliado dele numa disputa interna daqui dois anos.


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