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Análise: Delação de Delcídio é bomba de múltiplos efeitos

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RIO – A delação do senador Delcídio Amaral é uma bomba com efeitos de curto, médio e longo prazos para políticos de várias matizes. No governo, a primeira incerteza, que precisa ser resolvida em poucas horas, é qual estratégia usar para manter no cargo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que, em diálogo revelado pela revista “Veja”, se ofereceu para “ajudar” Delcídio em troca de ele não fazer a delação premiada.

A ironia maior é o ministro, que já foi senador, procurar um assessor do líder do governo e ser pego exatamente na mesma armadilha que prendeu Delcídio pouco antes. Assim como o senador-delator, Mercadante foi grampeado quando tentava impedir que seu algoz fechasse a delação.

Para completar, existem dois agravantes: Mercadante é um dos mais próximos e fieis interlocutores da presidente mas, como não tem mandato, seu caso irá para as mãos do juiz Sérgio Moro caso seja demitido.

No médio prazo, as acusações contra a presidente Dilma de que ela tentou atrapalhar o avanço da Lava-Jato tendem a dar combustível significativo para o pedido de impeachment que deve começar a ser analisado ainda esta semana na Câmara. A saraivada de tiros, que atingem inclusive o PMDB, vindos do ex-líder do governo só criarão um ambiente de ainda maior animosidade no Congresso.

Se o cenário já se mostra turvo para os próximos meses, o longo prazo é uma incógnita. A delação pode impactar diretamente nas pretensões eleitorais dos líderes da corrida eleitoral de 2018.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o personagem mais citado por Delcídio em sua delação, acusado entre outras coisas de ter pedido para que Delcídio procurasse Nestor Cerveró e tentasse impedir sua delação – motivo que acabou levando o senador para a cadeia. Já o senador Aécio Neves é alvo de duas acusações, a primeira envolvendo sua suposta influência em Furnas e a segunda sobre uma suposta tentativa dele de preservar o Banco Rural na CPI dos Correios.


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