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Análise: A carta de entrada que abre a porta de saída

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BRASÍLIA — O documento que o PSDB irá entregar ao vice-presidente Michel Temer nesta terça-feira, intitulado “Princípios e valores para um novo Brasil”, tem uma tripla função: tentar diferenciar a entrada dos tucanos no governo do adesismo reinante na maioria dos partidos brasileiros; reforçar que o PSDB tem seu próprio programa e projeto de país, que deverá ser reapresentado aos eleitores em 2018; e deixar aberta desde já uma porta de saída, caso o eventual governo Temer se torne indefensável.

Embora a carta formalize a convergência entre tucanos e peemedebistas no campo econômico, todos os envolvidos sabem ser impossível que outros pontos dela sejam integralmente cumpridos.

Enquanto o vice se preocupa em como colocar em sua esplanada representantes de 11 legendas — até do PPS, com 9 deputados, ou 1,8% do parlamento —, os tucanos clamam por uma reforma política com redução do número de partidos. Enquanto Temer negocia o Ministério da Saúde com o PP, tucanos pedem o compromisso “com o combate incessante ao fisiologismo”.

Principais nomes do partido para a disputa de 2018, Aécio Neves e Geraldo Alckmin preferiam manter-se em cima do muro: dando apoio parlamentar mas sem assumir cargos. Acusados interna e externamente de priorizar cálculos eleitorais em detrimento do futuro do país, sucumbiram à posição de José Serra e organizaram o ingresso na Esplanada. No entanto, se a gestão Temer for trágica, o bilhete de entrada entregue hoje será prontamente apresentado pelos arrependidos como um alvará de saída.


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