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Pessimismo no exterior e ação do BC levam dólar a R$ 3,34

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RIO e SÃO PAULO – O dólar comercial se mantém em alta frente ao real pelo quarto dia consecutivo. A moeda americana está sendo negociada a R$ 3,33 na venda, uma valorização de 0,87%. Na máxima do dia, a divisa subiu até R$ 3,34, enquanto na mínima foi negociada a R$ 3,31. O dólar está reagindo, segundo operadores, a mais uma intervenção do Banco Central no mercado de câmbio. Também sobe em meio a mais uma rodada de aversão a ativos de risco no exterior provocada pelas incertezas em torno do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.

— Hoje o dólar reage ao pessimismo do exterior e, claro, a mais uma intervenção do Banco Central, que sinaliza que quer o dólar num patamar acima de R$ 3,20 — diz Marcos Trabbold, operador de câmbio da corretora B&T.

Pelo quarto dia consecutivo, o BC realizou um leilão de contratos de swap cambial reverso, operação que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro. Foram vendidos os 10 mil contratos oferecidos, totalizando US$ 500 milhões. Em quatro dias, as operações do BC somaram US$ 2 bilhões e com isso o BC vai reduzindo seu estoque de contratos de swap tradicionais, que foram utilizados para evitar uma valorização excessiva do dólar. O estoque destes contratos chega a US$ 60 bilhões.

“Ao aceitar a totalidade das propostas apresentadas pelo mercado, a autoridade monetária sinalizou seu desejo pela manutenção do preço da moeda americana no patamar de R$ 3,30 ou acima desse nível”, escreve em relatório divulgado nesta manhã, Ricardo Gomes, especialista em câmbio da corretora Correparti.

Para Trabbold, o mercado já percebeu uma mudança de estratégia do BC, que desde sexta-feira passada voltou a intervir no mercado de câmbio. O objetivo é evitar uma desvalorização excessiva da moeda americana, o que prejudicaria o desempenho de nossas exportações.

No cenário doméstico, há expectativa do mercado em relação ao anúncio do déficit fiscal esperado para 2017. A estimativa é que ele será um pouco menor que os R$ 170 bilhões deste ano, mas ainda elevado, o que deixa investidores na defensiva. A líder do governo, Rose de Freitas, confirmou que o número pode ficar entre R$ 150 bilhões e R$ 160 bilhões.

No exterior, os investidores fogem das Bolsas e buscam refúgio no dólar, considerado um investimentos mais seguro em momentos de turbulências. Preocupações com os sistemas financeiros da Inglaterra e da Itália levam à busca pela moeda americana.

— Hoje temos mais uma rodada de stress no exterior que leva à procura por dólares – diz Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H. Commcor.

No exterior, o dollar spot, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de dez moedas, se desvaloriza 0,07%.

BOLSAS EM QUEDA

Na Europa, as Bolsas fecharam em queda com os investidores vendendo ações em meio a um cenário de desconfiança com as incertezas trazidas pelo Brexit. Londres caiu 1,25%; Paris recuou 1,88% e Frankfurt teve desvalorização de 1,67%. O Eurostoxx 50, que reúne as ações mais negociadas na Europa, perdeu 1,83%. De acordo com relatório da Guide Investimentos, o clima de aversão a ativos de risco lá fora é resultado dos desdobramentos imprevisíveis do Brexit, a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. Há desconfiança da saúde de alguns bancos europeus, especialmente os italianos. O Banco da Inglaterra decidiu reduzir as exigências de capital bancário.

Além disso, diz a equipe de análise da Guide, existe a expectativa de queda de preço nos imóveis no Reino Unido, o que tem levado a saques de fundos imobiliários. Três grandes fundos já suspenderam os saques.

“Nesse cenário de incertezas, as Bolsas vão operando em queda e o dólar se valoriza frente a moeda de emergentes”, diz a Guide em seu texto.

O mercado também analisa a ata da última reunião do Federal Reserve, o banco central americano, que decidiu pela manutenção dos juros. Os membros do Fed se mostram divididos sobre o ritmo de aperto monetário no país. Eles esperam por mais indicadores. Na sexta-feira, saem os dados de emprego (pay-roll), o que pode sinalizar o ritmo de recuperação da economia americana.

Nos Estados Unidos, os principais índices que estavam em queda inverteram o sinal: o Dow Jones sobe 0,02%; o Nasdaq tem alta de 0,27% e o S&P 500 avança 0,34%. No início da sessão, as Bolsas americana seguiram a queda na Europa, mas depois da divulgação do ISM, índice que acompanha o setor de serviços, a tendência do mercado se inverteu. O ISM subiu para 56,5 pontos em junho, ante os 52,9 pontos registrados em maio, enquanto analistas previam 53,6 pontos. Números acima de 50 indicam expansão da atividade, enquanto números menores sugerem contração.

BOVESPA CAI COM EXTERIOR

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, se desvaloriza puxado pelas ações da Vale, Petrobras e bancos. A queda é de 0,62% aos 51.119 pontos e volume negociado de R$ 3 bilhões. A virada dos mercados americanos amenizou um pouco a tendência de baixa do Ibovespa.

Entre as ações de maior peso no índice, Vale PNA cai 0,93% a R$ 13,03, refletindo a desvalorização no preço das commodities. Petrobras PN perde 0,10% a R$ 9,31. Pela manhã, a cotação internacional do petróleo estava recuando, mas à tarde passou a subir limitando as perdas da petrolífera. As ações de bancos reagem ao clima de desconfiança em relação a algumas instituições financeiras da Europa. Itaú Unibanco PN perde 0,16% a R$ 30,63 e Bradesco PN cai 0,42% a R$ 25,60.

Na Ásia, os mercados chineses apresentaram leve alta em contraste com as demais Bolsas da região.


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