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Lucro do Bradesco recua, mas soma mais de R$ 4 bi no 1º tri

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SÃO PAULO – A retração das operações de créditos e as despesas mais elevadas para lidar com possíveis calotes contribuíram para que uma redução do lucro do Bradesco, a segunda maior instituição financeira privada do país. No primeiro trimestre do ano, o banco registrou um lucro líquido de R$ 4,121 bilhões, um recuo de 2,9% em relação a igual período de 2015. A inadimplência também apresentou crescimento, em especial no segmento destinado a pequenas e médias empresas, mais sensíveis ao cenário de recessão econômica.

Ao desconsiderar os efeitos extraordinários, o lucro líquido recorrente foi de R$ 4,113 bilhões, um recuo de 3,8% na comparação anual e de 9,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior. É a primeira vez em mais de quatro anos que o banco registra uma queda nessa base de comparação.

— Os resultados são satisfatórios. Estamos mantendo um bom nível de geração de receitas e controle de custos. Temos obviamente o comportamento de alta da inadimplência. O que temos feito é buscar um fortalecimento da nossa política de crédito, com mais garantias e aprimorando os processos de recuperação — avaliou Luiz Carlos Angelotti, diretor-executivo do banco.

O estoque de operações de crédito do banco chegou ao final de março em R$ 463,2 bilhões, estável em 12 meses. Em relação ao trimestre anterior, houve uma queda de 2,3%. Segundo a instituição, esse desempenho reflete a menor demanda por empréstimos, em especial nos segmentos de pequenas e médias empresas. A projeção de crescimento da carteira, de 1% a 5% no ano, foi mantida.

Na pessoa física, as modalidades de consignado e financiamento imobiliário são as únicas a apresentar crescimento expressivo de, respectivamente, 12,7% e 27%. Essas linhas possuem taxas de juros menores e mais garantias, o que justifica seu crescimento no setor financeiro, apesar do momento de retração econômica.

Com crédito estável e mais clientes enfrentando dificuldades em honrar seus pagamentos, a taxa de inadimplência do Bradesco registrou piora pelo quinto trimestre significativo. Ao final de março, os atrasos acima de 90 dias equivaliam a 4,2% da carteira de crédito total, um aumento de 0,6 ponto percentual em 12 meses.

A pior deterioração foi registrada na inadimplência das pequenas e médias empresas. O índice saiu de 4,7% em março de 2015 para 6,66% ao final do primeiro trimestre deste ano.

A expectativa do banco é que a taxa de inadimplência total apresente um crescimento entre 0,1 e 0,2 ponto percentual por trimestre até o final do ano.

E num cenário de recessão continuada, o banco decidiu fazer uma provisão para perdas esperadas com calotes de R$ 5,448 bilhões, volume 30% maior na base sequencial e um salto de 52,2% sobre o primeiro trimestre de 2015. Também foi feita uma provisão adicional para um grande cliente, mas o nome ou setor não foi divulgado.

Para compensar o cenário de praticamente estagnação do crescimento do crédito, o banco tem trabalhado com o aumento das receitas de prestação de serviços. Essa linha do resultado totalizou R$ 6,405 bilhões no trimestre, crescimento de 11,5%. A migração de clientes para novas categorias de contas correntes e a maior venda de consórcios contribuíram para esse resultado.

— A diversificação de serviços e uma oferta maior de produtos têm compensado o não crescimento do crédito. A economia deve voltar a crescer nos próximos anos e aí vamos ter uma retomada do crédito de forma mais natural — explicou Angelotti.

QUEDA NA RENTABILIDAE

Com resultados mais fracos, o banco viu seu retorno sobre o patrimônio líquido cair. Essa rentabilidade ficou em 17,5%, queda de três pontos percentuais nas comparações mensal e anual. Foi o pior desempenho em pelo menos uma década.

Por fim, as despesas administrativas e de pessoal somaram R$ 7,87 bilhões no primeiro trimestre, queda de 6,5% sobre o final de 2015 e alta de 11,1% contra um ano antes, índice acima da inflação acumulada no período.

Questionado sobre a incorporação do HSBC, o executivo afirmou que é preciso aguardar o julgamento do Cade, que não tem prazo para ocorrer.


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