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Investigação do BTG Pactual não vê indícios de corrupção no banco

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SÃO PAULO – Após quatro meses de investigação, o comitê especial formado para checar possíveis atos de corrupção do BTG Pactual concluiu que não foram encontrados indícios de práticas ilícitas praticados pelos administrados ou outros funcionários do banco. O relatório sobre os trabalhos realizados na instituição financeira foi divulgado nesta quinta-feira divulgado nesta quinta-feira.

O comitê especial foi criado em dezembro para investigar as alegações de corrupção logo após a prisão do ex-presidente do BTG André Esteves, em 25 de novembro, em uma das etapas da operação Lava-Jato. “Estou satisfeito que o Comitê Especial tenha completado sua investigação exaustiva. Esse é mais um marco importante na retomada dos nossos negócios”, afirmou Pérsio Árida, presidente do Conselho do BTG Pactual.

Desde a prisão de Esteves, que foi afastado do controle do banco, as ações do BTG acumulam queda de 45%. Nesta manhã, às 10h48, tinham leve alta de 0,35%, a R$ 16,86. O envolvimento do banqueiro na Lava Jato também arranhou a imagem do banco, que sofreu com saques bilionários por parte de seus clientes e precisou acelerar a venda de ativos, como a empresa de recuperação de crédito Recovery e a participação na Rede D’Or, para reforçar o caixa da instituição.

Participaram desse grupo os conselheiros independentes Mark Maletz e Claudio Galeazzi e pelo conselheiro não independente Huw Jenkins. O comitê contratos o escritório de advocacia internacional Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan LLP e o brasileiro Veirano Advogados, que atuaram como assessores leigais. Eles concluíram que “não existem indícios para concluir que as alegações de corrupção ou prática de atos ilícitos (seja por André Esteves, BTG Pactual ou seus empregados que foram objeto dessa investigação) são críveis, fidedignas ou fundamentadas em provas concretas”.

– Realizamos várias investigações similares em multinacionais e, às vezes encontramos algo que não esperávamos. Se tivéssemos encontrado algo que fosse um problema, teríamos investigado. É raro concluir uma investigação tão grande sem encontrar algo ilícito. Não é suspeita, mas uma coisas rara. Geralmente se encontra algo para apoiar as investigações contra alguém. Não achamos nada. Isso é uma situação ímpar. O banco deu acesso completo a todas as fontes de dados. Não foram excluídos nada. Todo mundo colaborou. Houve uma quantidade grande de documentos e ficamos confiantes – disse o líder da equipe de investigações do Quinn Emannuel, William Burck.

Comunicações de Esteves com políticos não indicaram ilícitos, dzem advogados

Com base em 430 mil documentos físicos, e-mails e entrevistas com cerca de 30 executivos seniores, que compõem a diretoria, descartaram qualquer participação da instituições ou de funcionários em supostas promessas de vantagens ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Também descartaram vantagens indevidas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Concluíram também que não houve participação em transações financeiras suspeitas envolvendo José Carlos Bumlai ou pagamentos irregulares ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

– Encontramos comunicações entre Esteves e todos essas pessoas nomeadas pela mídia ou promotores. Não houve nada na comunicação para sugerir nenhuma ato ilícito. Também achamos comunicações entre colaboradores do banco com Cunha e pessoas que trabalham com ele sobre medias provisórias. Nada sugere nenhuma discussão de confidencialidade. Foi genuína sobre a posição do banco. Queríamos saber se tem evidências de que teriam sido pagos R$ 45 a Cunha para influenciar a legislação. Junto com a KPMG, procuramos todos os indícios para qualquer conclusão de que houvesse esse pagamento. Não houve nenhum pagamento do BTG para ele e nada ilícito nessa comunicação – detalhou Burck, que é co-chefe do Grupo de Investigações Governamentais e de Colarinho Branco do escritório em Washington DC.

– Na maioria dos documentos, as comunicações foram legítimas para mudar a legislação sobre imposto, pois o BTG não queria que impactasse negativamente. Isso não é nada ilegal. Várias pessoas pedem isso – acrescentou Michael Carlinsky, chefe do Departamento de Litígios Complexos do Quinn Emanuel.

De acordo com as investigações, também não foram encontrados indícios de vantagens indevidas nos negócios do BTG Pactual com a Petrobras na África. Eles alegam ainda que não havia ciência do banco em atos de corrupção na Sete Brasil.

– Temos um resumo mais cumprido sobre a Petro África, que está nos documentos Foi um assunto onde houve mais evidencias e informações, por ter sido uma das maiores transações. Não íamos apenas aceitar as palavras dele (Esteves). Buscamos tudo o que ele podia ter falado com as pessoas do BTG para ver realmente se não havia nada ilícito. Nossa conclusão se baseia na licitação, no processo competitivo e tudo a que tivemos acesso. Mas não achamos nada da perspectiva do banco que poderia sugerir que houve algum ato ilícito ou suspeito. Não sabemos nada a Petrobras fora da informação pública disponível e não podemos falar a respeito de outros licitantes, pois não temos acesso a essas informações – explicou Burck.

O ex-procurador federal em Manhattan e advogado sênior da Casa Branca também justificou por que Esteves não foi entrevistado diretamente, mas por meio de perguntas enviadas a seus assessores:

– Ele não recusou ser entrevistado. Nossa decisão, de acordo com nossos requisitos éticos, foi de que não seria uma boa ideia entrevistar alguém que tenha uma denúncia federal. Perguntamos ao advogados se eles poderiam responder em nome dele. Enviamos várias perguntas e eles responderam todas. Nessa situação, diria que é raro os advogados responderem essas perguntas porque poderia impactar negativamente o cliente. Eles alegam que ele não é culpado. Na nossa perspectiva, de advogados do americanos, é muito apropriado para as pessoas sob denúncia não responderem. É normal, é comum nos Estados Unidos.


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