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Dólar cai a R$ 3,48 sem atuação do BC; Bolsa sobe com Vale

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RIO – No quarto dia seguido sem intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, o dólar comercial recua 0,99% nesta quinta-feira, cotado a R$ 3,489 para venda. É o menor valor desde o dia 18 de abril. Segundo analistas, os investidores estão testando a tolerância da autoridade monetária com a desvalorização da divisa americana. Mas o câmbio local acompanha a tendência de enfraquecimento do dólar em nível global, depois de os EUA divulgarem seu crescimento mais fraco em 2 anos e terem reforçado que a elevação dos juros naquele país se dará de forma gradual.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), por sua vez, oscila após ter atingido o maior patamar em 11 meses na véspera com o otimismo dos investidores em relação à perspectiva de mudança na política econômica. Agora, o índice de referência Ibovespa avança 0,3%, aos 54.620 pontos, puxado pelo salto da Vale, que reportou pela manhã lucro além do esperado. O balanço trimestral do Bradesco, porém, decepcionou os investidores e seus papéis caem.

— Não houve nenhum fato novo para pressionar o dólar dessa forma. O que está havendo é que o mercado segue sendo altamente vendedor, desfazendo todas as operações que podem, porque a previsão do dólar passou mesmo a ser de queda. Como o Banco Central não está atuando nesses últimos dias, a moeda segue caindo — disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

A desvalorização do dólar é um movimento global hoje. A divisa cai 1,03% contra uma cesta de dez divisas globais. Um dos motivos é o fato de o crescimento dos EUA ter freado com força, atingindo o ritmo mais lento em dois anos no 1º trimestre do ano. A economia sente os efeitos da fragilidade do consumo interno e do dólar mais forte, que prejudica as exportações. O Produto Interno Bruto (PIB) dos país cresceu a taxa anual de 0,5% entre janeiro e março, quando esperava-se expansão de 0,7%.

Além disso, na quarta-feira à tarde, foi o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) que manteve inalterados os juros do país e reforçar que a elevação das taxas será gradual. A decisão reforçou o bom humor nos mercados globais.

Já no Brasil, ontem à noite, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, por unanimidade, a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão era a esperada pelos economistas dos bancos, mas o comunicado do Copom veio sem as indicações de futuros cortes na Selic que muitos analistas previam.

Na Europa, as ações registram queda depois que o Banco do Japão decidiu não expandir o estímulo monetário nesta quinta, frustrando as expectativas do mercado financeiro. Também influenciam negativamente os pregões resultados aquém do esperado de bancos como Banco Bilbao Vizcaya Argentaria e Lloyds Banking Group.

O índice de referência Euro Stoxx 50 cai 1,24%, enquanto a Bolsa de Londres recua 0,72%. Em Paris, as ações recuam 1,08%, e em Frankfurt, 0,8%.

Entre as ações brasileiras, o maior destaque é a Vale, cujos papéis ON sobem 4,62% (R$ 20,35), e os PN, 5,04% (R$ 16,04). A mineradora informou hoje que teve lucro líquido R$ 6,311 bilhões no primeiro trimestre de 2016, superando estimativa de analistas e retornando ao lucro pela primeira vez em três trimestres, com a contribuição de uma recuperação dos preços do minério de ferro e da valorização do real frente ao dólar. Em dólares, o lucro da empresa foi de US$ 1,776 bilhão, mais que o US$ 1,06 bilhão esperado pelos economistas do mercado financeiro.

Já o papel PN do Bradesco tem baixa de 0,85%, a R$ 26,54. O segundo maior banco privado do país anunciou nesta quinta que seu lucro recorrente do período somou R$ 4,113 bilhões, queda de 3,8% ante mesma etapa de 2015 e de 9,8% sobre o trimestre anterior. O número também veio abaixo da previsão média de analistas ouvido pela Reuters, de R$ 4,3 bilhões. Forte aumento nas despesas para perdas com calotes foi o principal motivo do prejuízo.


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