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‘O que me separa de Bolt é meu foco. É Gatlin x Gatlin’

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O homem que sofreu de transtorno de déficit de atenção (TDA) e hiperatividade na infância se tornou um dos melhores do mundo numa prova que exige, além do esforço físico no limite, alto poder de concentração. Aos 34 anos, o americano Justin Gatlin, principal rival de Usain Bolt na mais nobre prova do atletismo, os 100 m rasos, revela que ainda está atrás do seu foco.

Em agosto passado, ele chegou ao Mundial de Pequim em sua melhor forma, preparado para bater o jamaicano, e é possível que nunca um atleta tenha ficado tão perto de uma medalha de ouro sem conquistá-la: Bolt cruzou a linha de chegada 0s01 (um centésimo de segundo) antes do americano. “O que me separa de Bolt neste centésimo é o meu foco”, diz o velocista nesta entrevista ao GLOBO, feita por e-mail.

O americano cumpre trajetória nem tão comum no atletismo. Foi punido duas vezes por doping, tendo ficado suspenso um total de cinco anos, mas fez as suas melhores marcas depois destes episódios, já tendo passado dos 30.

Gatlin nunca esteve no Rio ou no Brasil, mas os Jogos Olímpicos, em agosto, não serão a sua primeira vez por aqui. Na semana que vem, ele chega à cidade para disputar o Desafio Mano a Mano, evento que acontecerá numa pista de 100 m montada sobre um lago da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. No domingo, 5 de junho, ele enfrentará Richard Thompson, de Trinidad e Tobago, prata nos 100 m em Pequim-2008, o brasileiro José Carlos Moreira, o Codó, e mais um brasileiro que vencer a eliminatória.

O GLOBO: Você foi punido duas vezes por doping, mas os seus melhores tempos na carreira vieram depois disso. Como isso se explica?

Eu sempre fui um grande velocista, e isso é provado pelas minhas medalhas de ouro. O tempo que eu fiquei fora me permitiu descansar o corpo. Hoje eu sou fisicamente mais jovem do que a minha idade para um velocista, justamente pelo tempo parado.

No Mundial de Pequim, você ficou o mais perto possível do ouro (0s01 atrás de Bolt). O que separa vocês dois neste centésimo de segundo?

O que está entre mim e Bolt é o meu foco.

Você é um fenômeno do esporte, por ter em seu currículo alguns dos melhores tempos da história nos 100m. É um azar ter nascido na mesma época de Bolt? Teme ficar ofuscado por ele na História?

Não vejo azar. Eu tenho minhas medalhas de ouro. Eu sou eu. Eu não vou ficar ofuscado por ninguém.

O poder de marketing e a imagem de “bom garoto” que Bolt tem o tornam o preferido das entidades que comandam o esporte para vencer as Olimpíadas contra você?

Para mim, não é algo como eu contra Bolt. É Gatlin versus Gatlin. Eu sou meu próprio público. Enquanto puder competir na minha melhor forma, estou ok com os meus resultados.

Você já contou que sofreu de déficit de atenção (TDA) e hiperatividade quando criança Foi algo que o ajudou a se tornar um velocista?

Eu nadava quando era criança. E também gostava de corridas com barreiras, e apenas passei para as provas de velocidade. Foi natural.

Qual sua expectativa em vir para o Rio dois meses antes dos Jogos? Preocupa não conhecer o estádio e a pista olímpicos?

Estou animado para ir ao Brasil pela primeira vez. Não me preocupo, acredito que a pista está incrível e rápida.

Acha possível correr abaixo de 10s numa pista construída em cima da água? É possível para um velocista brasileiro derrotar Justin Gatlin?

Nunca corri numa pista sobre a água, parece ser um evento muito legal. Pretendo correr abaixo dos 10s. Tudo é possível.


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