Brasília Amapá |
Manaus

Moderno satélite japonês está perdido no espaço

Compartilhe

RIO — Lançado em meados de fevereiro, o Hitomi é um dos mais modernos satélites japoneses. Sua construção consumiu US$ 273 milhões, quase R$ 1 bilhão, e astrônomos esperam que seus sensores capazes de observar ondas de energia do raio-X ao raio gama ajudem no estudo de buracos negros, estrelas de nêutrons e aglomerados de galáxias. Mas eles continuam esperando. O equipamento deveria ter entrado em operação no último sábado e, passados três dias, continua incomunicável.

O que aconteceu com o satélite ainda é um mistério. Engenheiros e cientistas da Agência Espacial de Exploração Aeroespacial (JAXA, na sigla em inglês) estão investigando o problema. Em comunicado, a agência informou que o centro de controle “recebeu curtos sinais vindos do satélite e está trabalhando em sua recuperação”.

Foram duas comunicações com o Hitomi. Na segunda-feira, por volta das 22h no horário local, sinais foram recebidos no Centro Espacial de Uchinoura, em Kagoshima, no Japão. O segundo contato aconteceu duas horas e meia depois, pela Estação de Rastreamento de Santiago, no Chile. A JAXA não foi capaz de determinar a situação do equipamento porque os contatos foram muito curtos.

O maior temor é que o satélite tenha, de alguma forma, se partido. Informações coletadas por equipamentos do Joint Space Operations Center, sistema militar de comando e controle baseado nos EUA que monitora possíveis ameaças orbitais, detectaram sinais de cinco objetos próximos à órbita do satélite. A JAXA informou que está observando esses objetos, usando um radar do Kamisaibara Space Guard Center e telescópios do Bisei Space Guard Center. Dois objetos já foram detectados.

O rastreamento mostra uma aparente mudança repentina no curso do satélite, e observações em terra viram brilhos como flashes, sugerindo que a espaçonave possa estar girando sem controle, o que também explicaria os breves contatos.

Em entrevista à Associated Press, Jonathan McDowell, astrônomo no Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, duas possibilidades seriam que a espaçonave tenha sofrido uma explosão na bateria ou um vazamento de gás, fazendo com que ela começasse a girar e perdesse o contato.

— Saber que eles tiverem esse azar é muito triste — disse McDowell. — Eu sei o suficiente sobre como o equipamento foi feito para saber que isso poderia acontecer. O espaço não perdoa.

Mas o professor Goh Cher Hiang, diretor do programa de satélites da Universidade Nacional de Cingapura, tem outro palpite. Em entrevista à BBC, o pesquisador afirmou que explosões de bateria são “muito raras” e, apesar de um vazamento nos tanques pressurizados de combustível poder causar o problema, o projetista já teria essa informação. O mais provável, diz Hiang, são os fatores externos:

— Pode ter acontecido uma colisão com algo no espaço, tanto por corpos espaciais como por objetos construídos pelo homem — afirmou.

Pequenos objetos espaciais são dificilmente detectados por radares em terra, e eles podem provocar estrago imenso porque viajam a grandes velocidades.

Apesar do cenário desfavorável, existe esperança. O fato de a agência ter conseguido contato, mesmo que breve, após a identificação de detritos ao redor do satélite, é um bom sinal. Isso indica que o dano não foi crítico e a localização é conhecida. Contudo, uma rápida recuperação será essencial. Se o satélite está girando no espaço, talvez ele não seja capaz de capturar energia solar suficiente para se energizar antes que o conserto seja feito.

— Ponto um, comunicação; dois, energia; três, computação. Primeiro você precisa conversar com o satélite — explicou Hiang.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7