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Astrônomos observam nascimento de estrelas gigantes

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RIO – Classificado como uma estrela anã amarela do tipo G, o Sol ainda vai brilhar durante bilhões de anos até esgotar seu combustível. Mas estrelas muito maiores e mais maciças que a nossa têm uma vida muito mais curta, de apenas algumas dezenas de milhões de anos. Queimando intensamente material nas fornalhas atômicas de seus núcleos, elas exibem um brilho azulado, alcançando temperaturas de superfície acima de 30 mil graus, contra menos de 6 mil de nosso Sol. E, nesse processo, elas também emitem intensa radiação ultravioleta, que faz brilhar em vermelho as imensas nuvens de gás e poeira que ainda as escondem em luz visível, como mostra imagem de observações feitas com o telescópio VST, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, divulgada nesta quarta-feira.

Conhecida como RCW 106, a maior destas nuvens de material na imagem está localizada a cerca de 12 mil anos-luz da Terra na direção da constelação de Norma. Ela recebeu esse nome por ser a 106ª a entrar no catálogo astronômico das chamadas regiões H II, nuvens de hidrogênio ionizado justamente pela radiação de grandes estrelas jovens e quentes. Junto a ela na imagem estão outras duas nuvens iluminadas pelo mesmo processo, RCW 103 e RCW 104. A primeira é formada por restos de uma supernova, explosões cósmicas que marcam o fim da vida destas estrelas gigantes, enquanto a segunda abriga um outro tipo raro de estrela supermaciça, batizado Wolf–Rayet.

Os astrônomos vêm estudando a RCW 106 há algum tempo, mas não pelo seu hipnotizante brilho avermelhado. O interesse deles na verdade é procurar entender como se formam as estrelas gigantes enterradas por essas nuvens. Isso porque, no caso de estrelas menos maciças como nosso Sol, o processo já é bem compreendido: frias nuvens de gás são condensadas pela ação da gravidade, e à medida que a densidade e a temperatura aumentam, têm início as reações de fusão nuclear.

Esta sequência, no entanto, não é suficiente para explicar como as estrelas azuis gigantes, do tipo conhecido como O, conseguem acumular e manter tanto material na sua formação, atingindo massas de dezenas de vezes a do Sol. Mas além da poeira que esconde essas estrelas, os astrônomos enfrentam outro problema para seu estudo. Como a vida dessas estrelas é relativamente curta e sua formação difícil, elas são extremamente raras. Assim, apenas uma em cada 3 milhões de estrelas na nossa vizinhança cósmica é do tipo O, e nenhum está perto o suficiente para ser alvo de análises mais detalhadas, o que faz de nuvens como a RCW 106 importantes fontes de indícios na tentativa de solucionar esse mistério.


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