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FMI aponta Brasil como exemplo dos ‘custos da corrupção’

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WASHINGTON – O Brasil é um dos exemplos do que a corrupção pode fazer com um país, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Documento da entidade, divulgado nesta quarta-feira, aponta que o problema pode causar desequilíbrios econômicos, com impactos na estabilidade financeira, nos investimentos, na melhoria dos recursos humanos e na produtividade dos países. Os documentos precedem o encontro internacional sobre o tema que ocorrerá nesta quinta-feira, em Londres.

O documento, de 43 páginas, cita três vezes o Brasil como exemplo de problemas causados no financiamento do país e na crise política. O FMI alerta que o caso de corrupção da Petrobras contribuiu para a redução da classificação do Brasil pelas agências de rating, o que causou um aumento dos custos do país. E disse que a corrupção afeta não apenas o poder do Estado, mas todo o ambiente legal, permitindo a criação de conflitos internos.

“Escândalos recentes de corrupção no Brasil e na Guatemala ilustram como as investigações sobre o desvio de dinheiro público pode desestabilizar o sistema político. Isso aumenta a incerteza para os agentes econômicos e tem um impacto negativo no investimento e na decisão de consumo”, diz o estudo.

O FMI ainda lembrou que é preciso que os países melhorem suas instituições e adotem medidas anticorrupção, inclusive com uma melhora do sistema de tributos, facilitando a cobrança e evitando desvios:

“O FMI muitas vezes aconselhou seus membros a melhorar o ambiente de negócios, concentrando-se, por exemplo, na redução do excesso de normas (Brasil, Grécia e Hungria), e a transparência (Ucrânia), que são vistos como o reforço do crescimento econômico”.

Em um texto preparatório, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que o tema sempre aflige os políticos, mas que tem crescido a urgência de se enfrentar a corrupção. Lagarde lembra que o tema lidera a preocupação das populações de diversos países, acima de questões como pobreza e desemprego.

“Reconheço que existem muitas definições possíveis de corrupção”, afirmou Lagarde em seu artigo, “mas para o propósito de nossa discussão, que é focada no setor público, a corrupção inclui qualquer abuso de cargo público — seja quando ele surge de incentivos financeiros ou de interferência política”, disse.

O FMI afirmou que a corrupção é um problema que afeta todos os tipos de países e enfrentá-la amplia a resistência e o desenvolvimento das nações.

“Mas quando o crescimento global é limitado, como agora, este custo da corrupção requer mais atenção”, diz o documento.

O FMI ainda informou que o pagamento de corrupção pode equivaler a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou algo entre US$ 1,5 trilhão a US$ 2 trilhões, valor equivalente a toda riqueza produzida pelo Brasil em um ano. Mas o impacto social, sobretudo aos mais pobres, pode ser ainda mais impactante que o valor em si, disse a instituição.


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