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Bolsa se recupera e sobe 1,01%; Oi perde 16%

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SÃO PAULO — O principal índice do mercado de ações brasileiro, Ibovespa, que estava em queda desde a abertura, inverteu a tendência e fechou o pregão com valorização. O Ibovespa encerrou com ganho de 1,01% aos 50.837 pontos e volume negociado de R$ 5,6 bilhões. As ações da Oi, operadora de telefonia que entrou com o maior pedido de recuperação judicial da história do país ontem, foram o destaque negativo do pregão. Os papéis chegaram a cair mais de 30% logo após o início das negociações e foram a leilão por duas vezes para redefinição do valor do ativo.

— A Bolsa se recuperou com a menor queda no preço do petróleo e uma recuperação das Bolsas americanas, após a presidente do Federal Reserve, o banco central americano, sinalizar que ainda não há definição sobre quando os juros vão subir – disse Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

Depois do pedido de recuperação judicial, as negociações com a Oi ficaram suspensas, nesta terça, entre 10h e 11h, conforme comunicado divulgado pela BM&FBovespa. Na abertura, os papéis tiveram forte desvalorização e foram colocados em leilão pela primeira vez. O leilão terminou às 11h18m e, no horário, as ações ordinárias da operadora recuavam 15,07%, a R$ 1,04, enquanto os preferenciais perdiam 30,30%, a R$ 0,69. As perdas diminuíram, mas por volta de 11h30m a queda se acentuou com as ações PN recuando 25,25% e os papéis ordinários se desvalorizando 16,67%. Por isso, novamente as ações entraram em leilão.

— O leilão é um mecanismo para redefinir o preço do ativo num momento de queda acentuada, em que há muita gente vendendo. É para estancar o chamado ‘efeito manada’ —explica Ari Santos, operador de mesa Bovespa da corretora H. Commcor.

Os ADRs (American Depositary Receipts, papéis que equivalem a recibos de ações) da Oi perderam 46,7% na abertura da Bolsa de Nova York e as negociações ficaram suspensas.

Na Bovespa, as ações PN da Oi fecharam com queda de 18,18% a R$ 0,82, enquanto as ordinárias recuaram 8,73% a R$ 1,15.

À tarde, foi realizado um call de fechamento para definir o preço de saída das ações da Oi dos seis índices dos quais o papel faz parte, já que empresas em recuperação judicial não podem integrar esses índices. As ações da Oi não integram o Ibovespa. O preço de referência de saída dos índices é o mesmo do fechamento: R$ 1,15 para as ações ON e R$ 0,82 para as PN.

— Os papéis da Oi já vinham sendo castigados pelo mercado, já que a empresa não chegava a um acordo com seus credores — diz Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença. No ano, as ações PN apresentam desvalorização de 57%, enquanto as ações ordinárias recuam 52%.

Em Portugal, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), órgão regulador do mercado financeiro local, determinou a suspensão da negociação de papéis da Pharol e a emissão de títulos da Portugal Telecom também por causa do pedido de recuperação judicial da Oi.

Segundo a agência de classificação de risco Moody’s, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil são credores de aproximadamente R$ 13 bilhões. Os empréstimos do BNDES são garantidos com 60% dos recebíveis da companhia que totalizavam R$ 8,6 bilhões no final de março de 2016. A dívida total com bancos, segundo dados apresentados pela própria empresa na proposta de renegociação com credores, chegava a R$ 16,8 bilhões. Entre os bancos privados, Bradesco e Itaú Unibanco também seriam credores.

“A recuperação judicial pedida na véspera de encerramento de semestre vai aumentar as provisões no sistema bancário”, escreveu o economista-chefe do home broker Modal Mais, Alvaro Bandeira.

Os papéis do Itaú Unibanco e Bradesco chegaram a se desvalorizar durante o dia, mas reduziram as perdas. as ações preferenciais do Itaú Unibanco perderam 0,205 a R4 29,35 e as PN do Bradesco inverteram a tendência e subiram 1,17% a R4 24,96. Já os papéis ordinários do Banco do Brasil apresentaram a maior queda do índice, com perda de 4,10% a R$ 15,91.

CONTAX EM QUEDA

As ações ordinárias da provedora de serviços de telemarketing Contax estão em queda de 26,31% na Bolsa de Valores de São Paulo sendo vendidas a R$ 7,00. Desde o final do ano, os papéis da empresa perderam 41% do valor já que a Oi é seu prinmcipal cliente e representa 40% de suas receitas. A Contax já prestou serviços à Oi e corre o risco de não receber e o pedido de recuperação judicial coloca em risco negócios futuros.

Os papéis preferenciais da Petrobras que estavam em queda pela manhã com o recuo do preço do petróleo no mercado internacional se recuperaram e reduziram as perdas do Ibovespa. À tarde, as ações estavam em alta de 2,17% a R$ 9,38.

As ações da Kroton, empresa de ensino superior, estão em alta após a companhia divulgar em fato relevante que melhorou a oferta para troca de ações com a Estácio, numa possível fusão. A oferta subiu de 0,977 para 1,25 ação da Kroton para cada papel da Estácio. Os papéis ON da Kroton sobem 2,43% a R$ 13,46, enquanto as ações ordinárias da Estácio sobem 0,64% a R$ 15,55.

CÂMBIO: DÓLAR FECHA EM ALTA FRENTE AO REAL

O dólar comercial abriu em queda nesta terça-feira, seguindo a tendência internacional, mas inverteu o sinal e fechou com valoirzação frente ao real, interrompendo dois dias consecutivos de baixa. No final do pregão, a moeda americana se valorizou 0,20% negociada R$ 3,40 na venda. Na mínima do dia, a divisa atingiu R$3, 35 enquanto na máxima chegou a ser negociada a R$ 3,41.

O dólar começou a ganhar força após declarações da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, indicando que as taxas de juros podem se normalizar até o fim do ano. Mas ela ressaltou que ainda existem dificuldades para começar a elevar os juros.

– O dólar começou a ganhar força após as declarações de Yellen, por aqui, e lá fora – disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso, lembrando que a questão da permanência do Reino Unido na União Europeia ainda está no radar.

Ainda há muita cautela sobre o plebiscito que vai decidir a permanência do Reino Unido na União Europeia, já que a votação deve ser apertada. Pesquisas recentes apontam um quadro misto: o “Daily Telegraph” coloca a “permanência” sete pontos à frente, enquanto o The Times coloca a “saída” dois pontos na dianteira. Segundo dados compilados pela Bloomberg, 44% estariam a favor da saída, 42% a favor da permanência e 13% ainda indecisos. O plebiscito acontece nesta quinta.

Ontem, a moeda americana fechou em queda de 0,61%, cotada a R$ 3,40 para venda, menor nível em mais de duas semanas. Na mínima, chegou a R$ 3,375.


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